Grande parte da população acredita que a demência é parte normal do envelhecimento e que não há como prevenir o aparecimento do Alzheimer, esses dados foram apontados pela organização britânica Alzheimer Disease International em um relatório divulgado em 2021. No entanto, para alguns especialistas a conscientização pode diminuir a gravidade da ocorrência dessa doença degenerativa que causa a morte das células nervosas com perda de tecido no cérebro e consequente diminuição de todas as suas funções.
Cerca de 1 milhão de brasileiros sofrem de demência atualmente – a maioria tem a doença de Alzheimer. Daqui a 30 anos, o número passará para 4 milhões.
De frente a esses dados, é importante ressaltar a importância de minimizar os fatores de risco e adotar hábitos saudáveis ao longo da vida com o objetivo de prevenir a doença ou até mesmo, intervir precocemente.
Fatores de risco na prevenção
De acordo com a literatura científica, existem diversos fatores de risco que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a Doença de Alzheimer. O Instituto Alzheimer Brasil, classificou esses fatores em 2 categorias a saber:
• Não Modificáveis – que não podem ser alterados e são relacionados a fatores biológicos e crônicos como idade, genética, sexo feminino;
• Modificáveis – dizem respeito ao estilo de vida como perda de audição, diabetes, doenças vasculares, obesidade, falta de atividade física, tabagismo, depressão, isolamento social, baixo nível educacional, consumo excessivo de álcool, poluição e traumas causados por acidentes;
Segundo estudos, o estilo de vida pode reduzir em 35% a incidência de demência. A Abneuro (Academia Brasileira de Neurologia) aponta que no Brasil as ações para prevenção para a doença ainda são escassas e que, portanto, são necessárias campanhas públicas que enfoquem a importância de hábitos saudáveis ao longo da vida.
A doença de Alzheimer ainda não possui cura, por isso, o mais importante a ser feito é diminuir a possibilidade de ocorrência da doença. Um estudo publicado pela The Lancet Comissions relatou que exercícios físicos tem um efeito neuroprotetor, através da liberação de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), auxiliando a reduzir o cortisol e o risco vascular.
Segundo a Abneuro, a influência genética é responsável por 1 a 10% dos casos de Alzheimer. Dessa forma, a prevenção primária e a modificação dos hábitos associados a um estilo de vida saudável, podem ser ferramentas com grande potencial para prevenir os casos relacionados aos fatores modificáveis da doença.
A influência da Alimentação
Um mecanismo relevante quando se fala em desenvolvimento do Alzheimer é a alimentação. De acordo com um estudo A dieta mediterrânea (baixa ingestão de carne e laticínios, alta ingestão de frutas, vegetais e peixes) parece ser uma alternativa para quem almeja aumentar a expectativa de vida e ter mais um envelhecimento saudável.
Uma revisão bibliográfica Priulli et al, 2020, verificou que a ingestão de alimentos antioxidantes como vitamina C e E e selênio podem ter efeitos benéficos tanto na prevenção como no atraso da progressão da doença.
Em ensaio clínico randomizado feito por Sala-Vila et al. (2020) realizador por 2 anos com idosos de ambos os sexos com idade entre 63-79 anos administrou uma série de testes neurocognitivos após uma dieta diária enriquecida com 30-60g de nozes e mostraram que houve melhorara na cognição global e os escores de percepção em comparação com o grupo controle. A composição das nozes (ácido alfa linoleico, melatonina e polifenóis) foi apontada como responsável pela redução da potência dos fatores de risco vascular e na redução da inflamação e oxidação no cérebro, retardando assim o início do comprometimento cognitivo relacionado à idade.
O efeito neuroprotetor do resveratrol, um polifenol presente em uvas, frutas vermelhas e amendoim, foi avaliado em um ensaio duplo cego randomizado realizado por Gu Zet al. (2021), que demonstrou que em pacientes diagnosticados com Doença de Alzheimer leve e moderada, administrados com 500mg de trans-resveratrol de alta pureza diariamente durante um ano, houve diminuição do acúmulo e toxicidade da proteína beta amiloide no cérebro, reduzindo assim a neuroinflamação. Assim, o consumo de alimentos fontes desse composto, pode ser um aliado a dietas preventivas.
Pessoas com depressão possuem níveis mais altos de citocinas pró inflamatórias que estão relacionadas a funções cerebrais e a composição da microbiota intestinal. Um estudo de análise transversal desenvolvido por Sánchez-Villegas A et al (2018), observou uma relação inversa entre o consumo moderado de peixes gordurosos e ingestão de ômega 3 e a prevalência de depressão e intensidade de sintomas depressivos. A depressão é uma doença crônica não transmissível, de causa multifatorial que produz alteração de humor e que pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. O diagnóstico e tratamento deve ser feito por profissionais especializados logo nos primeiros sintomas, para regularizar as alterações cerebrais.
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REFERÊNCIAS
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