Sabemos a grande dificuldade do público masculino em buscar por cuidados com a saúde, quando comparado às mulheres que se preocupam mais com a prevenção. O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, apresentando uma taxa de incidência maior nos países desenvolvidos em comparação aos em desenvolvimento.
65.840 novos casos de câncer de próstata foram notificados pelo INCA em 2020, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino.
Comparado a outros tipos de cânceres também prevalentes nesse público, o de próstata atinge, sobretudo, a terceira idade, atingindo em torno de 75% dos casos no mundo, os homens a partir dos 65 anos. O aumento nas taxas de incidência no Brasil pode ser justificado pela evolução dos métodos diagnósticos e de sistemas de informação do país que orientam a realização de exames preventivos a partir de 40 anos.
O estilo de vida como fator de risco
Segundo estudos na literatura científica, fatores extrínsecos, como dieta e outros aspectos nutricionais, juntamente com comportamentos de estilo de vida, foram diretamente associados ao desenvolvimento maior de câncer. O primeiro estudo de fração atribuível à população sobre o risco de câncer no Brasil, feito por Silva et al em 2016, estimou que 46% das mortes de homens em 2020 ocorreram por causas evitáveis, com destaque à dieta abaixo do ideal no consumo de frutas e vegetais.
Yang et al. (2015) ressaltaram que os padrões alimentares não saudáveis aumentaram a mortalidade total e específica do câncer de próstata, sendo que, a alta ingestão de refeições à base de vegetais, alimentos ricos em licopeno e grãos inteiros parecem oferecer proteção contra esse tipo de câncer.
Como a alimentação pode ser preventiva do câncer de próstata?
A inflamação é um dos mecanismos mais relevantes quando se fala em desenvolvimento do câncer. Uma alimentação anti-inflamatória é ideal para ser seguida na rotina com caráter preventivo, principalmente em idades mais avançadas.
Um estudo feito por Pacheco et al. (2016) avaliou os hábitos alimentares de homens argentinos pré e pós-diagnóstico de câncer de próstata, juntamente com outros fatores de estilo de vida. Antes do diagnóstico, ambos os casos relataram maior consumo médio de carnes e gorduras e menor consumo de frutas, vegetais verdes-escuros, legumes, nozes, sementes e grãos inteiros do que os grupos controles. Após o diagnóstico, os homens com a doença reduziram significativamente a ingestão de carnes e gorduras e relataram outras modificações dietéticas, como aumento do consumo de peixes, frutas vermelhas, vegetais crucíferos, legumes, nozes e chá preto. Alguns aspectos adicionais do estilo de vida também foram associados ao risco, como a baixa qualidade do sono, o estresse emocional, a inatividade física, o tabagismo, o consumo de álcool e a exposição a contaminantes ambientais. Como conclusão, notou-se que os participantes estavam predispostos a modificar seus hábitos alimentares e outros fatores de vida após o diagnóstico de câncer para melhorar sua qualidade de vida e o prognóstico.
Em uma recente revisão feita por Oczkowski et al. (2021), foi apresentado o conhecimento atual sobre o papel do consumo de nutrientes e alimentos no desenvolvimento das neoplasias de próstata, incluindo os potenciais mecanismos de ação. Os resultados de diversos experimentos laboratoriais in vivo e in vitro, e de pesquisas clínicas e epidemiológicas realizadas em todo o mundo foram analisados. O consumo em excesso de ácidos graxos saturados, por meio de carnes processadas, pode levar à interrupção da regulação hormonal da próstata, indução de estresse oxidativo, aumento da inflamação, alteração da sinalização do fator de crescimento e do metabolismo lipídico, interferindo na carcinogênese da próstata.
Em contrapartida, o alto consumo de vegetais, frutas, peixes e produtos integrais exerce efeitos protetores. Isso se dá pelas funções bioativas atribuídas aos fitoquímicos desses alimentos, com destaque aos flavonoides, estilbenos e licopeno. Como a influência dos nutrientes e do padrão alimentar é um fator de risco modificável, é de grande importância na estratégia clínica, ações que estimulem as mudanças de hábitos, a fim de potencializar a prevenção contra o câncer de próstata.
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Referências
Al Qadire M, Alkhalaileh M, ALBashtawy M. Lifestyle and Dietary Factors and Prostate Cancer Risk: A Multicentre Case-Control Study. Clin Nurs Res., v. 28, n. 8, p. 992-1008, nov. 2019.
Azevedo E. et al. The Fraction of Cancer Attributable to Ways of Life, Infections, Occupation, and Environmental Agents in Brazil in 2020. PLoS One., v. 11, n. 2, feb. 2016.
INCA. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-prostata>. Acesso em: 23 set. 2021.
Oczkowski, M. et al. Dietary Factors and Prostate Cancer Development, Progression, and Reduction. Nutrients, v. 13, n. 2, p. 496, 2021.
Pacheco, S. O. et al. Food Habits, Lifestyle Factors, and Risk of Prostate Cancer in Central Argentina: A Case Control Study Involving Self-Motivated Health Behavior Modifications after Diagnosis. Nutrients, v. 8, n. 7, p. 419, 2016.
Wilson KM, Mucci LA. Diet and Lifestyle in Prostate Cancer. Adv Exp Med Biol., v. 1210, p. 1-27, 2019