A partir de um modelo preditivo de cuidado da saúde e do seu olhar integrado sobre o indivíduo, a medicina personalizada contribui para a identificação daquilo que pode prejudicar ou está prejudicando o equilíbrio do seu corpo. Assim, o indivíduo é visto em sua totalidade e, nesse sentido, é fundamental compreender o expossoma ao qual foi exposto, desde o início da vida, uma vez que ele pode impactar no seu estado de saúde.
Mas o que é expossoma?
Expossoma é o termo utilizado para se referir a todas as exposições às quais um indivíduo é exposto no decorrer da vida e como elas influenciam na homeostase do organismo e correlacionam-se com o modelo de adoecimento dele.
O expossoma se relaciona com fatores internos, que são aqueles únicos dos indivíduos, como fisiologia, genética, idade e composição corporal, e fatores externos, que incluem a condição socioeconômica, a residência, a dieta, as exposições ambientais e ocupacionais, o estilo de vida, entre outros. Assim, todos os agentes tóxicos a que o indivíduo é exposto compõem o expossoma.
Dessa forma, entendê-lo e avaliá-lo, de acordo com uma visão integrativa detalhada, é fundamental, juntamente com o perfil genético e outros exames físicos e bioquímicos, para obter diagnósticos precisos e personalizados.
Bioacumulação: o risco do excesso de exposição a agentes químicos e biológicos
A bioacumulação é sinônimo do acúmulo desses contaminantes ambientais no corpo, como metais pesados, poluentes do ar, bisfenol A (presente em plásticos), entre outros. Quando em concentração maior do que a presente no ambiente, agem em sinergia no corpo, levando a alterações celulares, ao aumento do estresse oxidativo, a alterações hormonais, entre outras disfunções que podem ser passadas para diferentes gerações.
Ainda, sabe-se que os fatores de risco ambientais contribuem com cerca de 60% das mortes em todo o mundo
A literatura científica atual evidencia o papel do expossoma nas disfunções metabólicas e bioquímicas desde o início da vida. Estudos demonstram que a exposição no primeiro trimestre de gestação à poluição do ar levou ao aumento do risco de alergia no primeiro ano de vida, assim como a exposição a poluentes, na primeira infância, associou-se ao aumento do índice de massa corporal e de obesidade infantil.
Algumas pesquisas indicam que a exposição progressiva ao bisfenol A, por exemplo, pode levar a uma redução do número e mobilidade de espermatozoides, ou, ainda, impactar no crescimento fetal, causar alterações tireoidianas e distúrbios neurológicos em longo prazo.
Por isso, a detoxificação é fundamental!
A detoxificação é um processo natural e que acontece a todo o momento no corpo, é essencial para a eliminação ou a redução da atividade desses agentes tóxicos no corpo. Ela ocorre principalmente no fígado e no intestino, em três etapas, sendo que em todas há uma alta demanda de nutrientes e compostos bioativos para que ocorra de forma eficaz. Assim, otimizá-la é sinônimo de contribuir para o manejo do desequilíbrio corporal, favorecendo a prevenção e o tratamento de doenças crônicas.
Como potencializar a detoxificação? Confira 4 dicas!
1. Inclua alimentos ricos em compostos bioativos: as crucíferas (brócolis, couve, couve-flor, rúcula, agrião, entre outras), cúrcuma, chá-verde, própolis, suco de uva integral orgânico e frutas vermelhas são alguns exemplos de alimentos ricos em fitoativos que favorecem a otimização da detoxificação.
2. Cuide do seu intestino: o intestino tem papel importante na detoxificação. Por isso, é fundamental estimular o adequado trânsito intestinal e o cuidado com a microbiota intestinal, a partir do consumo de alimentos ricos em fibras, tais como farelo de aveia, sementes e chia e linhaça, e, ainda, bebidas fermentadas, como o kefir e a kombucha. Além disso, é importante avaliar de forma individualizada a necessidade de suplementos de probióticos e prebióticos, além de outros nutrientes.
3. Leve em consideração a sua saúde emocional e o seu bem-estar: ter boa qualidade do sono, fazer o manejo do estresse, evitar relações tóxicas e estimular atitudes positivas no seu dia a dia são ações importantes para favorecer a sua detoxificação.
4. Reduza a exposição às toxinas: reduzir o consumo de alimentos com agrotóxicos, evitar o uso de recipientes plásticos, consumir água de qualidade, evitar o consumo de alimentos como peixes com alta concentração de metais pesados são alguns exemplos de exposições cotidianas que podem ser evitadas, assim, baixando a bioacumulação.
O suporte nutricional personalizado é fundamental, já que leva em consideração o seu histórico clínico, o seu estilo de vida e os seus hábitos alimentares, de forma a otimizar esse processo mais assertivamente.
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