Estamos possivelmente ao término de um momento histórico: a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, que ameaçou a população humana contaminando mais de 450.000.000 indivíduos no mundo, gerando mais de 6.000.000 de óbitos no período de dezembro de 2019 até março de 2022, e que se apresenta de diversas formas através de suas variantes.
No Brasil, é possível notar que ao mesmo tempo que há uma redução importante do número de óbitos, a pandemia ainda deixa rastros sociais, políticos, econômicos e na nossa história, e por isso penso que vale a reflexão dos reflexos desta pandemia dentro de cada um de nós.
Para mim, e para a equipe do Instituto Assaly, um olhar de compaixão aos que perderam pessoas queridas, e o agradecimento por termos participado da vida de famílias que nos procuraram para ter ajuda clínica e emocional naquele momento se torna de grande importância para o momento que vivenciamos. Muitos pacientes puderam superar conosco e com colegas que lutaram arduamente nesta frente no combate aos SARS-CoV-2 e estão vitoriosos, mas não sem o registro da importância de trabalharmos como parceiros para superar as diversas faces desta pandemia. Saber que a relação médico-paciente nos torna uma equipe, foi e ainda é o ponto chave para trabalharmos em momentos de crise.
Ainda temos rastros deste vírus e não podemos nos descuidar, sendo de responsabilidade individual tomar decisões que não tragam consequências neste grande ecossistema e dentro da responsabilidade humana, dimensionar os aspectos inerentes à saúde planetária, pelo cuidado com o estilo de vida, alimentação e o respeito aos modelos de consumo consciente é um ponto chave para estarmos em harmonia com as outras espécies e comunidades.
Se por um lado perdemos muito neste período, quem sabe a consciência de que fazemos parte um todo e cada atitude que tomamos reflete não apenas em nós pode trazer um caminho diferente a partir deste momento. Se em 2019, um momento no mercado de Wuhan repercutiu no mundo, hoje não podemos fechar os olhos para as práticas que temos na produção e consumo alimentar, pois certamente seria injusto dizer que aquele pequeno grupo seriam eles os únicos responsáveis
Não sendo poliana ou negligenciando os resultados catastróficos deste momento social e político, já assistimos à história da evolução humana que ameaças e adversidades nos transformam em seres mais fortes. E se não fomos exterminados por este vírus ou pela depressão diante das perdas de pessoas queridas ou por tantas más notícias, penso que é hora de treinarmos a resiliência e a empatia, nossos grandes aliados no resgate da saúde física, mental e espiritual.
Foi pela empatia que chegamos até os dias de hoje, sobrevivendo como espécie e cuidando de todos que precisavam de nós com compaixão. Na empatia nos tornamos atentos ao sofrimento de amigos, parentes e à sociedade, nos colocando motivados para uma missão coletiva no sentido de preservação.
Certamente o estudo do DNA e do código genético permitiu escutarmos a mensagem de nossos genes e ampliar a compreensão da história de sobrevivência de nossas famílias, povos e por fim da nossa espécie. E aqui estamos nós, vivendo algo que será relido como uma nova edição da história dos humanos no século xxi na era pós-covid.
-Vania Assaly